“Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o simples mortal?”
Salmo 56:3-4

Temos um galpão velho e feio em nosso quintal.

Não sei há quanto tempo ele está lá, mas certamente há mais tempo do que nós. O galpão veio com a casa e, com a casa, ele permanece. Ao longo dos anos, ele acumulou sua cota de lixo, que, é claro, foi adicionado ao lixo que já estava lá dentro. Mas eu não abro o galpão com frequência.

Porque é assustador. Pronto. Confessei.

Toda vez que abro essas portas, sinto que algo está me esperando – uma cobra, um esquilo ou, como no caso de ontem, um novo ninho de vespas. Pude ouvi-las assim que abri a porta. Provavelmente, elas estavam em seu pequeno reino atrás daquelas portas, mas então a luz e o ar fresco entraram, e elas imediatamente entraram em ação. E estavam furiosas.

Acho que a raiva é assim – não a raiva das vespas, mas a raiva dos seres humanos. Algumas circunstâncias despertam nosso temperamento, e ficamos cada vez mais furiosos. Muitas vezes, nosso grau de raiva atinge um nível desproporcional. Podemos até pensar: “Agora, eu realmente não deveria estar tão irritado quanto estou com isso, mas, na maioria das vezes, é tarde demais. O estopim já foi aceso”.

Essa circunstância – seja ela qual for – foi como abrir as portas daquele galpão velho e quebrado no quintal. A luz, o ar e o barulho entram, e a raiva se acende. No entanto, eu não deixei as vespas entrarem no galpão ao abrir a porta – o ninho já estava lá. Elas só precisavam de algo que as atiçasse.

Da mesma forma, se ficarmos com raiva, é provável que a raiva já esteja em nosso coração. A circunstância foi apenas a coisa que nos estimulou.

Então, qual pode ser o ninho de nossa raiva? O que pode estar na raiz? Aqui estão três possibilidades:

1. Medo

Todos conhecem a síndrome de “lutar ou fugir”, ou seja, quando sentimos medo, geralmente fugimos ou nos tornamos violentos. Embora saibamos que isso é verdade, muitas vezes não temos a capacidade de reconhecer que isso está acontecendo. No entanto, quando algo nos deixa com medo, uma das reações que normalmente temos é a de lutar. Se isso for verdade, então uma das maneiras de lidar com a raiva de forma eficaz é reconhecer o que está nos assustando e, em seguida, fazer com que as promessas de Deus se apliquem a esse medo:

“Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o simples mortal?” Salmo 56:3-4

2. Insegurança

Outro desses ninhos em nosso coração é a nossa insegurança. Por mais que odiemos admitir, ainda há uma criança do ensino médio dentro de nós. De vez em quando, acontece algo que desperta essa parte de nós. Sentimo-nos deixados de lado, desconsiderados, desrespeitados, negligenciados, escolhidos por último. E, em vez de cavar essa insegurança, ficamos com raiva. Mas se pudermos identificar a fonte como insegurança pessoal, então, mais uma vez, a Palavra de Deus tem algo a nos dizer:

“Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus.” Colossenses 3:1-3

3. Senhorio próprio

Se olharmos mais a fundo – além das circunstâncias – também poderemos descobrir que o verdadeiro motivo pelo qual ficamos com raiva é porque sentimos que nossos direitos foram violados. Deveríamos ser tratados melhor. Merecemos mais. Nossa raiva decorre de um profundo senso de direito que, quando ultrapassado, nos deixa realmente furiosos. Em outras palavras, nossa raiva reflete nosso compromisso com nós mesmos. E aqui, mais uma vez, temos a oportunidade de crescer, porque cada momento de raiva gerada por nosso próprio senhorio é uma oportunidade de reafirmar o que significa seguir Jesus:

“Jesus dizia a todos: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará.” Lucas 9:23-24

A raiva é real, amigos, e por ser assim, ela precisa ser tratada. Para o cristão, esse tratamento é uma oportunidade. É uma chance de olhar mais profundamente, com mais atenção, e trazer o evangelho para as partes mais profundas de nossa alma.