Não toque esse sino!

19 de Agosto de 2024

“Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará.” Mateus 6:2-4

Há um certo restaurante de burrito conhecido por criar uma atmosfera festiva para seus clientes quando eles entram pela porta – todos eles gritam: “Bem-vindo ao ________!”

Há referências coloridas da cultura pop decorando as paredes. E se você gostar da experiência de fazer seu burrito e decidir deixar uma gorjeta no balcão enquanto paga, a pessoa do caixa tocará um pequeno sino para avisar a todos que estão ali que “este cliente acabou de nos dar uma gorjeta!”

Quando aquele sininho toca, todos ficam sabendo da sua generosidade. Se não tocar, então todo mundo assume que você é um Ebenezer Scrooge.

Na verdade, esse pequeno truque é genial se você parar pra pensar.

Você nos dá uma gorjeta.

Nós tocamos um sino.

E ninguém irá te rotular de avarento.

Isso mexe com a nossa natureza humana – desejar ser visto como generoso, doador e gentil. Aquele pequeno sino também me fez pensar em Mateus 6:2 onde diz:

Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros.

É uma referência à prática de alguns judeus nos dias de Jesus que davam grandes doações aos pobres de maneira muito pública, apenas para que toda a cidade soubesse “como eram bons”. Esse tipo de coisa ainda acontece em nosso mundo. As pessoas podem não tocar uma trombeta para chamar a atenção, mas enviam comunicados à imprensa ou criam postagens no Facebook para transmitir sua generosidade.

Mas o princípio por trás de Mateus 6:2 aponta para uma armadilha potencial desse desejo de reconhecimento. Se a única motivação para nossa generosidade é o elogio dos outros, então não há verdadeira generosidade em nossos corações. Mesmo que o presente seja enorme ou seja por uma boa causa.

E não é apenas dar que Jesus tem em mente aqui. Um pouco mais adiante no capítulo, ele também falará sobre oração e jejum. Qualquer ato de devoção espiritual feito para a aprovação de outros deixa de ser um verdadeiro ato de devoção espiritual. É meramente uma prática de glorificação pessoal.

Então, por que Deus está tão preocupado com nossa atitude em dar, orar ou jejuar como crentes?

Porque a atitude revela onde estão nossas verdadeiras prioridades. Estamos vivendo para a aprovação de Deus ou estamos simplesmente buscando a aprovação dos outros? Nossa atitude é como um vento forte apontando diretamente para um cata-vento – ele mostrará uma verdadeira integridade espiritual ou uma religiosidade vazia. O resultado irá revelar se é algo sagrado ou é vazio. O apóstolo Paulo coloca desta maneira em Filipenses 2:3: “Nada façais por ambição egoísta ou por vaidade”. Ele continuaria dizendo que devemos ter a mesma atitude que o próprio Jesus Cristo teve em relação a Deus e aos outros. Então, que atitude Jesus teve ao dar, orar e jejuar – ou qualquer outro ato de devoção espiritual? Obediência simples, humilde e graciosa feita para a audiência de uma só pessoa – o próprio Pai. A principal prioridade da vida de Jesus era glorificar seu Pai Celeste. E embora grande parte da vida adulta de Jesus tenha sido vivida sob os olhos do escrutínio público, praticamente tudo o que Ele fez foi um ato de obediência silenciosa como uma oferta ao Pai.

Então isso traz a questão de volta para você e para mim. Qual é a motivação em nosso coração para dar, orar ou jejuar? Se a motivação é alguém tocar um sino para apontar para nossa generosidade ou bondade, então nossa atitude precisa ser revisada. Mas se no fundo de nossos corações estivermos contentes em andar fielmente, servir humildemente e dar livremente, então nosso Pai, que vê esses atos em segredo, nos recompensará com algo maior do que qualquer homem pode fornecer – a oportunidade de crescer na atitude e mentalidade de Jesus.